"O mundo está em constante
transformação. Os pequenos seres vivos em mutação." - Pensou Gundeico.
Já tinham se passado sete longos e
eternos dias. Comparado aos cinco anos que ficou em Alexandria, percebeu que
suas habilidades no mar não foi uma herança deixada pelo pai. Aliás, nem pela
experiência de quando era menino.
Ficar lá fora ou lá dentro, não havia
diferente. O balanço era igualmente sentido e quase nada parava em seu
estômago.
As três únicas formas de esquecer o
vai-e-vem da maré era ou nas brincadeiras com Vasti, ou quando tinha que cuidar
de algum enfermo ou quando bebia. Dentre as três, a última opção era o que
melhor lhe auxiliava a dormir.
Mar agitado
Muitos marinheiros estavam passando
mal, e o próprio capitão disse que aquilo não era de costume. Salvo Vasti,
todos de certa forma adoeceram. Mas ao passar pela segunda semana, o céu negro
deu lugar a um azul, como a cor dos olhos de Gundeico.
Os dias de calmaria, com sol e o
vento soprando nas velas, faziam com que aquele imenso barco fosse deslizando
sobre a água. Nesses dias Gundeico conseguia olhar para o céu e apreciar o
cheiro salgado que tomava toda a embarcação. Revivia a sua memória de menino
correndo na proa, subindo no mastro, olhando os remos tocando o mar azul e brincando com as cordas das velas. Não se
lembra de ter vivido maus momentos como as tempestades que vinham enfrentando
nos últimos dias, nem o mau humor do mar nas noites escuras iluminadas por alguns
trovões.
Dias foram se passando e aos poucos o
corpo de Gundeico ia se entregando e mesclando com os movimentos da dança das
águas. “Uma hora ou outra, tenho que me readaptar! Fui criado no barco, ora
essa!”, falou a si mesmo tentando se convencer daquilo.
Céu azul
Lembranças de seus pais se faziam
sempre presente. Às vezes seus olhos mareavam ao olhar no horizonte. “É essa
claridade do sol que me incomoda tanto!”, falava em voz alta assim que percebia
que alguém o observava.
Gundeico sabia que eles estavam bem.
E ele também estaria. Logo iria escutar o barulho de pássaros e saberia que
enfim, estaria chegando a terras novas.
5 comentários :
Goste muito da primeira frase.
Foi vc quem a criou Camila?
Att,
Hugo Marcelo
Foi!
=)
Mais tarde esta mesma frase vai aparecer de novo!
;)
Legal.
Pode ser o início de uma poesia Gundesca...hehe
Hugo Marcelo
hahahahaha
Os médicos também podem ser poéticos!
;)
Que o diga Guimarães Rosa...
Hugo Marcelo
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